quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Meus pensamentos tomaram minhas mãos e não sei o que escrevi

Boa madrugada a quem um dia passear nesse blog. É interessante dizer madrugada pois é um horário a qual me sinto íntima, espero um dia saudávelmente acordar entre 4:30 às 05:00 e ver essa virada mais vezes. O nascer do sol é lindo e lento, porém em algum momento você ver que o luz está forte. Dormir nesses horários é um tremendo "s***icidio".Infelizmente faço parte deste grupo. 
  Hoje me deparei com um artigo sobre lendas urbanas da minha cidade. Eu sempre fui fascinada por lendas urbanas, esse sentimento de terror a o sobrenatural e inexplicável é tão ligado a uma inocência... fantasias, sobre o cruel, o mal. A exploração do medo através do imaginário. Com o decorrer da vida o medo se torna cada vez mais concreto e palpável e o imaginário é substituido. 
Bom, o artigo em si traz lendas que mesmo não ouvidas ou esquecidas são aceitas tão delicadamente que parecem ser contadas como histórias de ninar, o tempo que remonta a uma cidade, minha cidade natal, em sua construção, um lugar amazônico de mata virgem e inexplorada. Me pego com um ligação íntima a cada narrativa, com uma familiaridade acolhedora(o que não sinto hoje morando aqui) mais quase instantânea ligação com a natureza. 
Pensei sobre a construção da identidade, diretamente da psique coletiva da minha cidade natal e assim como demonstrado pela históriadora há um sentimento de ruptura, psiquê dual como retrato de sua cidade dual, cortada ao meio e coersiva a uma identidade "boa"  "limpa" em "ordem". Contra a parte "mal", "suja" e "desordeira". E essa é uma cidade que nasce triste. E isso é claro é um ponto de minha percepção, de fato é uma cidade que nasce ao lado da morte, da negação e loucura. Da disputa entre o homem e o natural. Pois, sim, a uma resposta da natureza e podemos chama-la de severa. O que contabiliza morte e loucura. Assim no meio da beleza severa, selvagem encontra-se a morte e insanidade.       Imagino tantas árvores gigantes, ventos gemendo e correntes, o rio  ainda mais selvagem, e os sons de bichos cobrindo o dia e a noite. A noite dava espaço a floresta,  seres. Acredito que uma floresta viva é uma floresta espiritual. Reais ou não, existiam em um imaginário mais fértil e materilizavam-se de boca em boca e olhos, é claro. Seres ligados a animais e humanos na íntima ligação do homem e natureza. 
Bom, acho que acabei me deixando levar muito nesse texto, pois ele me elevou a um êxtase e ao mesmo tempo calma. Tanto há lembranças de acordar na madrugada e observar pela brecha no vidro da janela  a rua vazia á espera dos espíritos que se levantavam a meia noite e andavam pela cidade, quanto a beleza de ficar horas e horas observando um rio feroz desaguando. A sensação de olhar as águas e sentir a vida e ao mesmo tempo a morte. Penso que muitos nascidos na Amazônia tenham essa percepção mais sensível a natureza, uma interligação íntima e perturbadora. O explorar da natureza nesta terra  poderia muito bem ser simbolizada pela exploração coersiva e violenta do si mesmo. Socialmente forte e internamente frágil. 
Tal exploração não está para vida e auto conhecimento ao contrário para a negação e silênciamento das "sombras". A tal ponto que as potencias da alma enlouquecem ou matam quem se atreve a explora-la sem cuidado.
   Há uma pequena voz que ressoa minha alma respondendo a pergunta que me faço há anos, "por que aqui?"  
Essa cidade nasce a partir da loucura e sofrimento, porém é retratada por histórias heróicas e belas. Ainda se faz necessário se adentara a terra selvagem e negada. "Obscura e encantada" 

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